a vida é um puzzle

Há confusão, frustração, tentativas e momentos de eureka que por sua vez levam a satisfação. Mas se a vida fosse mesmo um puzzle não tenho a certeza se alguma vez o chegaríamos a acabar. 

Hoje de manhã pus-me a tentar escrever em beats e não fluiu. É um mistério quando é que a inspiração vem. O meu processo costuma consistir em tentar até que se dê um desses momentos de eureka ou, ainda melhor, vários de seguida que me façam perceber a direção em que quero ir com o que estou a tentar criar. E quando esses momentos não aparecem aparece a frustração, e não tenho propriamente facilidade em lidar com ela. Mas arte é isso: cometer erros e saber quais escolher.

Nem sempre posso confiar na minha mente neste processo, especialmente quando estou há várias horas na mesma coisa. Começo a ter dúvidas sobre as bases do que estou a fazer e a pôr em questão coisas que, com a mente fresca, estão claramente no sítio certo. Ou então não. Vamos ver.

Li outra vez no telhado da garagem. O livro está a puxar-me mais e isso só comprova o que escrevi ontem. Acabei de ver o Pulp Fiction e ri-me várias vezes em voz alta. Gostei de ver o Quentin Tarantino entrar no ecrã como ator. Vi há umas semanas um vídeo do realizador a explicar como é que faz filmes e mostra que está sempre em cima da ação, a comunicar com os atores para conseguir os resultados que imaginou.

“I watch the movie, before I make the movie.”

Ao contrário de muitos realizadores que simplesmente se sentam na sua cadeira e vêem os shots através de um ecrã enquanto a ação decorre, Tarantino desaprova esse comportamento e, muitas vezes em cenas de diálogo por exemplo, coloca-se à frente do ator que aparece no shot, ocupando o lugar do outro ator para quem esse primeiro dirige as palavras. A comunicação com os atores para se obter o resultado mais aproximado possível ao que se imaginou enquanto criador é essencial, portanto entende-se esta aproximação do realizador: só mostra que quer que a obra seja verdadeira.

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3 Responses
  1. Júnio Cunha

    Acho que sinceramente devias continuar este projeto, pelo menos para mim, falta este puxar “á leitura” ainda mais apreciar a imagem fotográfica no fim de cada texto”
    OBRIGADO, muito bom ! 👏

  2. Vera

    Também estou a ler a Insustentável Leveza do Ser. E é um livro que sinto que vai sempre trazer um impacto e significado diferente noutra fase da vida. Estou a tentar tirar o máximo de partido e de entendimento que consigo nesta fase para mais tarde, hopefully, pensar “uau entendi tudo errado!”
    Continua a criar Miguel! Besito