ALGUÉM, o quarto e último single do CROCODILDO, é uma música de amor e a minha música de que gosto mais, com a qual me identifico bastante.
O instrumental foi muito inspirado no som Dapper do Domo Genesis com o Anderson Paak. Há umas tarde atrás, lá para Junho de 2017, estive em estúdio com um amigo meu, o João Fragoso, que é um excelente compositor de jazz, a brincar com o Logic e a produzir umas coisas. Na altura guardei os projetos e não pensei muito na utilidade que poderiam ter mas, passadas umas semanas, abri um deles e ouvi uma melodia de piano que ele tinha tocado que me chamou à atenção. Fiz um loop, toquei as baterias numa vibe estilo disco anos 80 e comecei a andar de um lado para o outro no estúdio a improvisar e a cantar melodias à toa. Faço muito isso para encontrar ideias. Acredito que existem momentos de “inspiração” mas também acredito que temos de puxar por ela, disponibilizando-nos para que apareça.
Imediatamente a vibe do beat fez-me pensar numa relação com uma rapariga que eu não tinha. Então pensei que seria interessante escrever uma carta à minha futura namorada em que expunha as minhas várias facetas e falava sobre mim, mesmo não fazendo ideia a quem é que me estava a dirigir. No entanto, manti sempre o registo humorístico à volta do qual o álbum orbita.
O resultado agrada-me muito, em especial as melodias cantadas e o synth no refrão. Acho sempre piada ver raparigas nos concertos a cantar, cheias de fé, uma das primeiras frases da música: “Já mijei tudo por fora na borda e na tampa da minha sanita”. Acho que gosto especialmente desta música porque, apesar de gozar e ser ridiculamente honesto consegui materializar emoções verdadeiras.
O vídeo foi feito em conjunto com um grupo de alunos de Erasmus da Universidade Lusófona que me contactaram na possibilidade de fazerem um videoclip para uma música minha. Tinha a ALGUÉM em cima da mesa acabada de produzir e decidi encontrar-me com dois deles na Alameda, o Dayo e a Paula, para conversarmos sobre o projeto e para eu lhes mostrar a música. Eles curtiram e começámos a definir a ideia. Surgiram imediatamente os balões e as cores vivas.
Decidimos filmar na praia da Costa da Caparica, na serra de Sintra de skate, no metro de Lisboa. Depois de vários dias de filmagens intensas, em que tínhamos de encher 15 balões com hélio a cada sessão e consequentemente andar com a bilha de gás atrás, e mais alguns dias de edição com algum stress à mistura, parcialmente pela minha mania de querer fazer tudo, conseguimos obter o vídeo final que foi muito bem recebido pelo público.